quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Hoje.

Centro comercial num feriado do início de Dezembro.
Devíamos ter pensado nisto, definitivamente, mas não nos lembrámos.
Pessoas e pessoas, montes delas, com carrinhos de bebé e crianças aos berros e a pararem no meio dos corredores. São 14h e tal mas a zona dos restaurantes está apinhada, as mesas todas ocupadas, tudo cheio de tabuleiros que ninguém chega a ter tempo de tirar e aqui e ali há copos de coca-cola entornados no chão. Só encontramos mesa na zona de fumadores, que cheira, como é óbvio, a fumo e não é das mais agradáveis. Sentamo-nos, vai buscar a comida, vai tu, não sei onde vou comer, vai tu. Vamos finalmente, tudo devagar, detesto decidir onde vou comer. Aliás, detesto qualquer tipo de decisão, hoje em dia. Acho que antes não era assim, não sei o que aconteceu.
- Há quase todo o tipo de pessoas, - diz o Alexandre, ou então disse qualquer coisa parecida, não me lembro realmente, já passou algum tempo. Disse isto depois de uma conversa (foi mais um monólogo... Eu não estava muito faladora, estava meio perdida em pensamentos estranhos) sobre uns chungas ao pé de nós e outra anterior sobre racismo implícito nos empregados do McDonald's.
Acho que depois ficámos calados um bocado. É esta incerteza acerca do que dissemos ou não dissemos ou por que ordem dissemos que me levou a dizer que se calhar às vezes devia ter um gravador a gravar todas as conversas que temos, ou quase. Estou meio estranha hoje, a pensar de uma maneira diferente. É do livro. Acho que nada influencia tanto a minha forma de pensar como os livros.
Demos voltas a lojas repletas de pessoas e pessoas. A loucura das prendas de Natal é impressionante.
We're all such products.
Não comprei uma única coisa.
Fiquei de mau-humor a certa altura. Parte era fome. Outra parte já vinha de horas atrás por causa do meu cabelo. Pintei-o e ficou de uma cor esquisita, baça, mortiça. Estava chateada, não gostava dele. Agora já me habituei mais, já não me importo tanto, mas mesmo assim...
Planeámos a passagem de ano. Tenho sempre medo de festas, é inevitável, mas quase acho que vá correr bem. Não sei. Espero sinceramente que sim.
Fomos para o metro a discutir cultura. Eu embirro que não sou culta o suficiente em nada, só estou minimamente informada no ramo da literatura, mas estou longe de poder ser considerada culta.
Nunca li O Monte dos Vendavais. Ou o Mil Novecentos e Oitenta e Quatro. Ou o Guerra e Paz ou a Anna Karenina. Nunca li o Livro da Selva.
O Alexandre vai dizendo que nem sequer ouviu falar da maioria dos livros e autores que eu refiro e explica que ele próprio não é muito culto na área dele, jogos.
Nunca li nada do Oscar Wilde. Da Virginia Woolf. Nunca li nada do Dostoiévski.
O Alexandre refere jogos clássicos, que marcaram centenas que os seguiram e que ele não jogou.
Nunca li nada do D. H. Lawrence. Nunca li nada do Arthur C. Clarke. Do Camus.
Agora em casa consigo pensar em milhares de outros autores que não li. Alexandre Dumas. Miguel de Cervantes. Júlio Verne. Arthur Conan Doyle. Henry James. Edgar Alan Poe.
Ironicamente, quando estávamos a chegar a Santa Apolónia e já quando estávamos lá, o Jorge mandou-me mensagens a pedir conselhos de livros para dar aos primos de 10 anos. O mundo goza connosco às vezes.
Quando cheguei a casa tinha imensa vontade de escrever, mas não consegui dedicar-me logo a isso. Vim ver os e-mails, depois ajudar a minha mãe a tirar a loiça da máquina, depois escrevi quatro ou cinco linhas e tive de ir jantar. Voltei depois, mas agora já não é a mesma coisa, morreu um pouco em mim a inspiração. Ou lá o que foi isto.
Estou esquisita hoje. Ou se calhar estou esquisita todos os dias.

A melhor parte ao chegar a casa foi a quantidade de comentários ao meu último post. Sinto-me popular. Sem querer pôr nenhum dos outros de lado, o meu "preferido" foi o da Mariana porque referiu uma coisa em que eu não tinha pensado. É verdade, é tão verdade que isso acontece e não faz qualquer tipo de sentido. Tenho a sensação de que é algo sobre o qual se poderiam escrever livros e livros. É tão estranho.

E aposto que ninguém sabe de onde é a citação em itálico.

Por qualquer razão, estou sempre a acrescentar frasezinhas a mais aqui. Queria só dizer que é normal que os tempos verbais não façam muito sentido. É o que acontece quando se passa directamente do cérebro para pixels. As coisas ficam sem fazer muito sentido ou, se preferirem, ao natural.

5 comentários:

JMSF disse...

D: Tipo, Google?
C P, I M.

...O post deu para rir. Estavam a falar de clássicos e entro na altura certa XD...

Por acaso ainda não fui comprar nada de natal e não estou a ver a minha mãe com muita vontade, maaaas enfim. A loucura das prendas de natal é gira, as pessoas com os saquinhos, as luzinhas, as montras, aqueles pais natal nos centros comerciais... Não me parece que seja uma coisa má, até porque, afinal, que raio é o natal, senão compras e (talvez) mais um bocadinho de felicidade, para a grande parte das pessoas que não é crente?

Ninguém com menos de 50 anos pode ser culto.


Não, não és popular. :D

bloomy disse...

Jorginho,
"Aposto que ninguém SABE de onde é..." Descobrir, toda a gente descobre. Eu sei que o Google é o melhor amigo do Homem.

E não tem muita piada quando estás no meio da multidão.
Oh my, esqueci-me de acrescentar uma coisa na parte dos restaurantes que queria referir -.-

JMSF disse...

EW estás na net a esta hora.

Saber implica descobrir.

bloomy disse...

Nada a ver.
Viste as notas de TC?

JMSF disse...

Tudáver.
Viiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! O.o mas vou rever porque só vi a minha.