E quem diz que a neve é linda é porque só a viu em calendários ou postais. Não me venham dizer que esta papa castanha que se amontoa nas estradas é bonita porque não é. Ficamos com as botas nojentas, os cavalos escorregam e as rodas das carroças enterram-se. Não é divertido. Acredito que no topo das montanhas ela seja bonita e apetecível, fofinha, já me disseram que parece farinha, mas aqui não há montanhas, há só estradas, edifícios a desfazerem-se e terrenos vazios, agora cobertos de neve enlameada a derreter. Estamos em Santarém, isto já foi uma cidade, com terreno liso, e dantes não nevava cá. É engraçado, há 600 anos pensavam que havia um aquecimento global e agora isto parece mais uma idade do gelo, mas é porque é Inverno, que no Verão as águas quase que se transformam nas lavas ardentes dos primeiros anos de existência do planeta. O mais irónico é a ideia das viagens do tempo, pensavam que íamos visitar o passado e acabámos por o importar, estamos no século XXVII e vivemos como se nunca tivéssemos passado do século XIX. Isto nenhum cientista brilhante podia prever, que o futuro atingiria o seu auge no século XXII e a partir daí voltássemos atrás, regredindo no tempo até nos embrenharmos de novo no passado. Mais uns anos e chegamos à Idade Média.
O tempo está a mudar, está um sol brilhante, que é melhor que o nevão de há três dias, mas isso faz com que as estradas fiquem cobertas de água, neve derretida, o que torna tudo complicado. Avançamos lentamente, mais valia não avançarmos de todo, a estação ainda está a meio e tão depressa não voltamos a casa. Estou farta, farta disto, mas não há nada a fazer, o tempo avança implacavelmente e não podemos fazer nada, não podemos parar porque o mundo continua sempre.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
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