LARGA-ME, grito eu, mas não vale a pena, não serve de nada, a tua mão está como que colada à minha e eu não tenho outra hipótese se não correr atrás de ti, o mundo passando por nós a alta velocidade, transformado em formas indistintas enquanto me guias por curvas e subidas e descidas, sem parar, demasiado depressa, sempre demasiado depressa, e eu não vou aguentar, sei que não vou aguentar, é agora, penso eu, as minhas pernas vão falhar, mas o momento nunca chega e continuamos sempre a correr. Quero falar contigo, quero perguntar-te onde é que me levas, e porque é que tens tanta pressa, o que se passa, mas não consigo, o vento leva-me a voz e começo a ficar sem fôlego. Parece que estamos a correr há horas por estas ruas estreitas e escuras, mas não devem ter passado dois minutos, o cansaço é que baralha tudo. Pergunto-me se devo fechar os olhos, as imagens disformes, a mistura de cores, está-me a deixar um bocado tonta, mas tenho medo, medo que me deixes ir contra uma parede, ou uma pessoa, na tua pressa descuidada. O vento zumbe junto ao meus ouvidos, devo estar toda despenteada nesta altura, espero que ninguém nos esteja a prestar muita atenção, o que é basicamente impossível, tendo em conta a velocidade com que passamos pelas pessoas. É de loucos, mal sinto o chão debaixo dos pés, tenho medo de tropeçar em mim própria, e tu não páras, nunca, e de repente saltas para cima de qualquer coisa e eu sei que é o fim, vou cair, mas quando dou por mim já estou no ar e já aterrei junto a ti, talvez me tenhas puxado, mas não é possível, és tão pequena junto a mim, não consegues ter essa força, mas ao mesmo tempo tens a minha mão tão firmemente agarrada, se calhar é possível, talvez tenhas força sobrehumana, e energia também, porque nem sequer paraste depois do salto, o obstáculo já ficou muito para trás e nós continuamos até ao fim do mundo, só que não é até ao fim do mundo porque de repente páras. As minhas pernas estão a tremer, mas provavelmente é só a minha imaginação que me julga mais cansada do que estou, se estivesse assim tão exausta não me aguentaria de pé, e tu apontas com o dedo, olha!, e é a carrinha do nosso pai que vem lá ao fundo, depois de todo este tempo, e eu aperto com a força a tua mão que ainda não largou a minha e sou eu que te arrasto numa corrida desenfreada até à estrada.
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6 comentários:
Man.. já viste? Ninguém comenta o teu blog. Deves escrever MESMO mal.
É claro que eu nunca leio os teus textos. Mas se os lesse, de certeza que acharia horrível.
Escreve mais vezes :)
Acho que não apanhei a ideia.
Lizzie:
Novo? Onde? (blog)
Não é nenhuma ideia em especial. A irmã da narradora vê o pai delas chegar e vai a correr buscá-la. Ta-da!
É tudo mentira, excepto a parte de "Ninguém comenta o teu blog"
Eu gosto da maneira como ela escreve e leio os textos.
Gosto =)
admiro tanto este teu geito para a escrita =D
isto é que foi uma corrida =)
beijinho
Valeu a pena o esforço dela, foi como recompensada no fim com a chegada do pai.
Sugestões....hummm...não me ocorre nada. :S
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