terça-feira, 30 de setembro de 2008

Last Night Here

Ela sentou-se junto a ele no capô do carro dele. Não havia luzes naquela zona da cidade e ela olhou para as estrelas que brilhavam por cima deles. Ele curvou-se sobre a viola e dedilhou as cordas, as notas ecoando nas ruas desertas. Tocou com mais intensidade e começou a cantar. As palavras eram em francês e ela não as percebia, mas a suavidade da voz dele e a beleza dos acordes bastavam. Quase involuntariamente, ela fitou a tatuagem nas costas da mão dele, igual à da mão dela. Era uma borboleta, pequena e completamente negra. O símbolo deles. Queria dizer que mesmo que nunca mais se encontrassem, que aquela noite escura mas luminosa fosse a última vez que se vissem, seriam sempre amigos, não importava o que acontecesse.
A música acabou, levantou-se vento e o céu começou a clarar. A rapariga americana e o rapaz canadiano-francês abraçaram-se, entraram cada um no seu carro e deixaram Chicago para sempre.